2 de Julho: Independência com sangue baiano e protagonismo popular

Foto | Politiquestion

Especialista destaca o papel do povo baiano e a atual disputa política em torno da data que marca a verdadeira consolidação da Independência do Brasil

Enquanto o 7 de Setembro estampa os livros didáticos como marco da independência do Brasil, na Bahia, o verdadeiro grito de liberdade ecoa no 2 de Julho. Para o professor e escritor João Paulo Moreira Ferreira, 44 anos, a data representa a consolidação real da soberania brasileira, conquistada com sangue, suor e resistência popular.

Autor da obra “Nasce o Sol: A Trajetória da Heroína Maria Quitéria na Independência da Bahia”, Ferreira destaca que, ao contrário do gesto simbólico de Dom Pedro I às margens do Ipiranga, o 2 de Julho foi resultado direto da luta de mulheres, negros, indígenas, camponeses e soldados rasos. “É uma independência feita pelo povo e para o povo, embora esse protagonismo nem sempre tenha sido reconhecido na narrativa oficial do país”, afirma.

Além de sua importância histórica, o 2 de Julho se tornou um palco de disputas ideológicas. “Essa disputa permanece e até se intensificou nos últimos anos. Grupos progressistas enxergam a data como símbolo de justiça social e democracia, enquanto setores conservadores tentam neutralizar ou reinterpretar seu sentido”, explica o professor.

A celebração do 2 de Julho também se reflete no cenário político baiano. Segundo Ferreira, governantes usam a data como vitrine simbólica, ora para reforçar identidades populares, ora para promover agendas mais turísticas. “Durante períodos de tensão com o governo federal, a data ganha tom de resistência e defesa da democracia”, observa.

Em tempos de polarização política, o 2 de Julho permanece vivo e pulsante nas ruas da Bahia, não apenas como memória histórica, mas como símbolo de luta e afirmação popular.

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