Em entrevista ao PolitiQuestion, deputado afirma que o senador é “adesista, mas não traidor”, e aponta padrão de alianças ao longo da carreira

Durante entrevista ao podcast PolitiQuestion, o deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos-BA) fez uma avaliação incisiva sobre a postura política do senador Otto Alencar (PSD-BA), com quem compartilhou diversas trincheiras ao longo de suas trajetórias. O parlamentar afirmou que, embora não considere Otto um traidor, vê no senador um comportamento recorrente: o de sempre se alinhar ao grupo que detém o poder.
“Otto não é traidor. Ele vai ficar com Jerônimo até o fim. Mas, na hora que Neto ganhar, ele pula. Ele foi governo a vida toda”, declarou Nilo, ao ser provocado pelos apresentadores Daniel Viana e Cleiton Mesquita sobre as possíveis movimentações do PSD baiano para 2026.
O deputado ilustrou sua análise com episódios históricos que, segundo ele, demonstram esse padrão:
“Ficou com Antônio Carlos, depois ficou com Nilo Coelho, depois voltou pra Antônio Carlos. Quando Wagner ganhou, ele tem uma relação muito boa. Fui eu que trouxe tudo.”
A frase mais contundente do episódio veio logo na sequência:
“Se Neto ganhar, quando eu for dar um abraço em Neto, Otto já chegou pra abraçar. Ele pula.”
Apesar das críticas, Marcelo Nilo fez questão de diferenciar o comportamento de Otto de um rompimento desleal:
“Mas ele não é traidor, ele é adesista. O que é adesista? Ele é governo. Ele também não nega não. Maneira de viajar no interior: ‘Sou governo’.”
Ao comentar as mudanças de posicionamento ao longo dos anos, o deputado relembrou as aproximações do senador com nomes de diferentes campos políticos:
“Ele foi Bolsonaro, agora é Lula. é governo, mas de forma positiva. Agora, não trai.”
As declarações refletem uma leitura crítica sobre a postura política de Otto Alencar, especialmente em um momento de indefinição sobre o futuro do PSD baiano diante da possibilidade de uma aliança nacional entre Gilberto Kassab e Tarcísio de Freitas para 2026. Caso o PSD caminhe em direção à centro-direita nacionalmente, Otto poderá ser pressionado a rever sua permanência na base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), a quem atualmente apoia na Bahia.
Marcelo Nilo, que também é ex-presidente da Assembleia Legislativa e teve forte influência na articulação da base petista no estado, reforçou que a postura de Otto não é novidade no cenário político baiano:
“Nunca foi oposição. Sempre esteve com o governo.”
A entrevista traz à tona as fissuras e reacomodações em curso na política da Bahia e antecipa um possível reposicionamento de forças conforme se aproxima o calendário eleitoral de 2026.