Fala de Bolsonaro sobre Congresso e tom moderado de Tarcísio expõem divisão na direita

O ato organizado na Avenida Paulista neste domingo (29) reuniu Jair Bolsonaro (PL) e governadores aliados, mas também expôs fissuras na direita. A manifestação foi marcada por discursos contra o governo Lula (PT) e elogios ao ex-presidente, que permanece inelegível até 2030 e responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os presentes estavam Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC) e Cláudio Castro (PL-RJ). Bolsonaro reforçou a importância de eleger maioria no Congresso para viabilizar mudanças, indicando que não precisa voltar à Presidência, desde que tenha base parlamentar forte. E declarou: “Eu nem preciso ser presidente”.
Apesar do tom crítico a Lula, o discurso de Tarcísio desagradou lideranças do bolsonarismo. O governador paulista adotou um tom mais moderado, evitando ataques ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, alvo prioritário do núcleo mais fiel ao ex-presidente. Antes do ato, aliados de Bolsonaro esperavam de Tarcísio falas contundentes em defesa dos réus do 8 de janeiro, incluindo o próprio Bolsonaro, denunciado e com julgamento previsto ainda este ano.
Para lideranças conservadoras, a postura de Tarcísio reforça sua imagem de presidenciável do centro-direita, alinhado a pautas que atraem o eleitorado bolsonarista, mas sem o desgaste de bater de frente com o Judiciário. Segundo relatos, essa estratégia o mantém preservado de embates jurídicos, enquanto outros aliados continuam na linha de frente contra decisões do Supremo.
No entorno de Bolsonaro, o incômodo é que Tarcísio se beneficie do capital político do ex-presidente, mas não compartilhe os riscos de enfrentamento institucional. Já o próprio Bolsonaro manteve o tom duro, insistindo que o Congresso seja a prioridade para retomar o poder.
A manifestação também ganhou tons eleitorais, com governadores disputando espaço como possíveis nomes para 2026, em meio a críticas ao governo petista e à defesa de políticas liberais.