Mercado prevê fim da alta nos juros básicos, mas cortes só devem começar em 2026

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça (29) e quarta-feira (30) e a expectativa do mercado é de que a taxa básica de juros (Selic) seja mantida em 15%. A decisão representaria uma pausa após sete aumentos consecutivos, encerrando o mais longo ciclo de elevação desde 2016.
A projeção consta no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (28), que reúne as estimativas de economistas do setor privado. De acordo com o relatório, a taxa de 15% deve ser mantida até o fim de 2025, com uma trajetória de queda só iniciada em 2026. A previsão para os anos seguintes aponta Selic em 12,5% (2026), 10,5% (2027) e 10% (2028).
A escalada começou em julho de 2024, quando a taxa estava em 10,5%. De lá pra cá, vieram sucessivos aumentos: 10,75% em setembro, 11,25% em novembro, e depois três elevações seguidas de 1 ponto percentual, até os atuais 15%. A política de juros altos vem sendo criticada por travar investimentos e consumo, com impactos diretos no crédito, na indústria e no emprego.
Mesmo com a estabilidade prevista nos juros, o boletim apontou nova revisão na projeção da inflação. O IPCA de 2025 foi reajustado para 5,09%, a nona queda seguida, mas ainda acima do teto da meta oficial (4,5%).
Também houve leve recuo na expectativa para o dólar: de R$ 5,65 para R$ 5,60 ao final de 2025. O crescimento do PIB foi mantido em 2,23% para o ano que vem, com uma leve revisão para 2026: de 1,88% para 1,89%.
A manutenção da Selic, embora sinalize prudência monetária, também revela o desafio estrutural da economia brasileira: crescer sem depender do sufoco nos juros.


