Em entrevista ao PolitiQuestion, Murilo Mello detalha como elites e movimentos políticos transformaram a data em palco de disputas ao longo dos anos

O podcast PolitiQuestion trouxe nesta semana uma análise profunda sobre as camadas políticas por trás das comemorações do 2 de julho. Em entrevista, o historiador Murilo Mello, especialista no tema, revelou como a data foi sendo apropriada por diferentes grupos ao longo da história.
Mello explicou que, já no século XIX, havia um conflito entre o caráter popular e as tentativas de controle por parte das elites.
“O Instituto Histórico Geográfico, aqui da Bahia, de Salvador, ele vai ser um dos organizadores desse 2 de julho, ao longo do tempo, no século XIX […] Vai se apropriar do 2 de julho, vai organizar o 2 de julho. E ele queria que a festa fosse cívica. Que a gente se comportasse, a população baiana, de uma maneira cívica, na visão dele, correta. Todo mundo respeitando a bandeira”, afirmou Mello.
Sobre a instrumentalização partidária, o pesquisador foi categórico: “Então, há muito tempo […] O 2 de julho é um termômetro para as eleições, para a popularidade do político, para a aceitação. E hoje mais do que nunca.”
Para Mello, essa resistência é a essência da data: “O 2 Júlio não é só cívico. Ele é cívico, ele é religioso, porque o Caboclo é uma figura religiosa, né? A festa é do povo”.