Depoimentos ao STF revelam estudos de cenário que incluíam prisão de Moraes e ações para pressionar o Exército após derrota de Bolsonaro.

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta segunda-feira (28), a oitiva dos réus do núcleo 3 da chamada trama golpista, e os depoimentos trouxeram novos detalhes sobre a articulação de militares da ativa e da reserva para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. Entre as revelações, está a admissão de que houve elaboração de documentos que previam a prisão de ministros do STF, inclusive de Alexandre de Moraes.
O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima confirmou que produziu um material intitulado “Desenho Operacional Luneta”, que indicava, entre outras ações, como “realizar a prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”. Ele negou, no entanto, que o documento fosse um plano de ação. “É um estudo de cenário prospectivo que é previsto nos nossos manuais, produção do conhecimento de inteligência”, afirmou.
Ainda segundo Ferreira, o material foi elaborado em dois dias e jamais compartilhado com outros militares. “Não existe operação Luneta. O arquivo é desenho operacional luneta, nunca existiu operação Luneta”, declarou.
Outro réu, o coronel Fabrício Moreira de Bastos, também integrante das forças especiais do Exército, admitiu ter repassado ao comando militar uma carta elaborada por colegas de turma da ativa, com o objetivo de pressionar o Alto Comando do Exército. “É de uma inocência esses quatro coronéis acharem que eles teriam o condão de pressionar 16 comandantes do Exército. É uma inocência quase franciscana”, disse.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) considera esses documentos como parte de uma estratégia para sustentar Jair Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas urnas. Em nota, a PF afirmou que as informações “evidenciam ações que só poderiam ser executadas em caso de ruptura institucional”.
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