Vereador denuncia supersalários e ataca greve dos professores

Sidninho critica movimento grevista, expõe valores de contracheques e é repreendido por quebra de decoro

Foto: Transmissão ao vivo TV Câmara Salvador

Durante a sessão ordinária desta segunda-feira (9), na Câmara Municipal de Salvador, o vereador Sidninho (Podemos) protagonizou um dos discursos mais duros desde o início da greve dos professores da rede municipal. Ele apresentou dados de contracheques de servidores da educação e acusou os responsáveis pelo movimento grevista de disseminar informações falsas sobre o não pagamento do piso salarial.

“Falando que o servidor professor não recebe o piso, é mentiroso e descarado. Sabe por quê? Porque eu tenho uma relação aqui e é pública, e farei com que chegue na mão de todos vocês. Pesquisei um a um, recebi na sexta-feira esse ofício, com todos os valores.”, afirmou o vereador.

“O salário dos servidores da educação é maior do que o piso. Quando você acumula alguma das 14 gratificações, são 14 gratificações que um servidor da educação pode vir a ter, tem salários que ultrapassam 40 mil reais.”

Sidninho disse ter encaminhado ofício à Secretaria Municipal de Gestão (Semge) solicitando os valores pagos aos professores. Segundo ele, os dados mostram que a categoria já recebe acima do piso, incluindo gratificações. A lista, de acordo com o parlamentar, foi compartilhada no grupo interno dos vereadores.

“Estão retirando da criança e do adolescente o direito de aprender“, completou o vereador.

O discurso, no entanto, provocou reação imediata no plenário. A vereadora Aladilce Souza (PCdoB) considerou inadequada a exposição pública de valores individuais dos servidores.

“Por mais que a gente divirja, por mais que a gente se esquente, a gente tem que manter o nível, em termos de discurso, adequado ao rito e ao que exige a nossa atuação aqui no parlamento, nessa instituição.”

“Eu entendo a indignação do vereador, mas não concordo com a divulgação dos contracheques em plenário. Isso desrespeita os servidores.”

Diante da escalada de tensão, o presidente da Casa, vereador Carlos Muniz (PSDB), interveio e determinou providências formais.

“Vereador Sidninho, seu discurso é para defender a população. Mas algumas palavras não condizem com o parlamento. Que sejam retiradas da ata”, afirmou Muniz.

“É bom que você traga a prova, o que você está dizendo, para que todos tenham acesso a isso aí. Eu acho que não é admissível que as pessoas tenham um salário como esse, que vossa Excelência diz que vai comprovar que tem, e dizer que ganha abaixo do piso. Então é inadmissível uma greve como essa.”

A greve dos professores municipais chega à sua terceira semana com paralisações parciais e mobilizações diárias. O impasse gira em torno do percentual de reajuste proposto pela Prefeitura e das condições de trabalho reivindicadas pelos docentes.

A matéria ainda repercute mesmo após a Câmara já ter realizado a votação de reajuste, e após a invasão de servidores às instalações do plenário do Centro de Cultura da Casa.

Rolar para cima